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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Barack Obama e Cuba.


Nos últimos dias um fato inusitado ocorreu na política internacional, e tomou boa parte dos noticiários de todo o mundo. Trata-se da abertura do Governo estadunidense para que os cubanos que vivem nos Estados Unidos possam enviar dinheiro e viajar livremente para Cuba.


E toda a imprensa e os jornalistas formadores de opiniões ficaram alvoroçados com essa notícia, tratando tudo com alarde e euforia. Muitos já foram logo dizendo que isso levaria ao fim do Socialismo em Cuba, usando o exemplo, muito a grosso modo, (como é de praxe de uma grande parte dos jornalistas brasileiros, que querem emitir opiniões e fazer análises sem lerem nada sobre o tema) do que ocorreu na Alemanha Oriental, no período da Guerra Fria, sem levaram em consideração que se tratava de outro momento histórico.


O argumento mais interessante de alguns foi o de que essa abertura mostraria o quanto a Democracia é melhor que a Ditadura do proletariado, e que a comparação iria destruir o Socialismo Cubano, fazendo o povo optar pelo Governo Democrático liberal. Ou seja, pensa-se que o Governo de Cuba não é legitimo, que o povo é totalmente manipulado e estúpido, como se os indivíduos fossem estáticos e não fossem agentes de sua própria história, bem como da formação de sua própria sociedade, em constante diálogo como o pode estatal.


Dessa forma, pode-se dizer que alguns jornalistas pensam assim, dessa maneira já ultrapassada, ou que eles querem que as pessoas pensem assim, o que é pior. Outra idéia implícita que é pregada é a de que o povo cubano não tem informação, e que eles são apenas manipulados pelos jornais governamentais, que passam a notícia pela visão do governo. Mas esse tipo de análise deixa de levar duas coisas muito importantes em consideração:


A primeira delas é que a população da Ilha é altamente instruída, com um nível escolar superior aos de muitos países considerados de primeiro mundo, e, por isso, provavelmente não se é tão fácil assim manipulá-los. A segunda coisa é que imparcialidade não existe, e se os jornais cubanos defendem uma visão de mundo ideologicamente criada pelo Governo, os jornais de outros lugares fazem o mesmo, bem como os governos, as leis e os Estados, que ao contrário do que se pensa, defendem interesses de determinados grupos, em detrimento a outros.


Um exemplo disso é que os jornalistas de países capitalistas, a todo instante pregam a Democracia como um conceito universal, que deveria ser adotado por todos, e que possui virtudes inquestionáveis como a “melhor” forma de governo. E se isso não é uma visão parcial, pautada pela ideologia de um determinado grupo e por um governo, o conceito de parcialidade deve então ter mudado sem prévio aviso. E o mesmo se dá quando se enfatiza os “defeitos” de Cuba, ou dos países inimigos dos Estados Unidos, como a Coréia do Norte e alguns países islâmicos, sem se quer mostrar a visão de mundo a qual eles possuem.


Pois bem, frente a tudo isso, seria interessante fazer uma análise da nova atitude de Barack Obama e do governo estadunidense com relação a Cuba. E a primeira pergunta que se pode fazer é, trata-se de uma política mais humana e de boa vizinhança?


Provavelmente não! O mais provável é que se trate da continuidade da velha política expansionista estadunidense, e com um estilo genuinamente Democrata, o do Imperialismo. Se fosse ao contrário, talvez o embargo econômico também tivesse acabado, o que ainda sim não seria prova de nada.


Entende-se por imperialismo a colonização indireta de um território, através de medidas econômicas e político-ideológicas. Historicamente o partido Democrata o usa e o defende nos Estados Unidos, ao contrário dos Republicanos, que se utilizam do Neo-colonialismo, sendo esse a intervenção direta no território que se almeja subjugar.


Ou seja, ao que tudo indica, houve apenas uma mudança de estratégia. Os Estados Unidos estavam com a imagem suja pelas ações de Bush, e precisavam colocar alguém no poder que conseguisse ao mesmo tempo, disfarçar sua política expansionista e continuar a colocá-la em prática.


E sem força para enfrentar os árabes, pois o Iraque e o Afeganistão se tornaram dois novos “Vietnãs”, e os Iranianos se mostram fortes demais, eles tiveram de tentar expandir sobre outra frente, tentando dominar um de seus opositores mais aguerridos, Fidel Castro. Porém, como não era possível abrir mais uma frente de combate ali, mais uma vez a política estadunidense partiu para medidas econômicas para coagi-los.


Trata-se da mesma idéia de sempre, de impor a democracia, mesmo que seja na “porrada”, tal como tentaram com os árabes e fracassaram. Entretanto, dessa vez, a tentativa é de se fazer tudo às escondidas. O jogo dos Democratas é visto por poucos, e se pauta em um equilíbrio delicado entre a legitimidade de uma imposição político-ideológica, a de uma simpatia do líder político, e de sua práxis moderada, mas com efeitos a longo e a médio prazo, dentro da idéia expansionista dos Estados Unidos, de levar o capitalismo Neo-liberal sob o seu domínio a todos os povos do mundo.


Assim, pode-se inferir que a mudança de postura de Barack Obama quanto a Cuba, não se trata de um revisionismo da política internacional dos governos anteriores com relação à Ilha. Mas sim, é a continuidade do desejo de retirar a sua autonomia e de submetê-la, mas dessa vez, se utilizando de uma estratégia imperialista e fetichista, tentando fazer com que o povo do pequeno país Socialista se esqueça de suas conquistas sociais e se deslumbre com os avanços técnicos do mundo consumista criado pelo Capitalismo, tentando assim, deslegitimar o poder de Fidel Castro e de seu irmão, para enfraquecer a unidade política de Cuba e deixa-la suscetível a dominação.


Átila Siqueira.


"Bom, esse foi um texto que eu não pude deixar de produzir, ao ver tudo o que vem acontecendo na política internacional. Faço uma ressalva com relação a minha crítica a imprensa, pois nem todos os jornalistas agem da maneira que eu citei a cima. Há aqueles que possuem um trabalho sério e respeitável.


Aproveito também para continuar a oferecer o meu livro com dedicatória, a todos os amigos que aqui me visitam. Basta entrar em contato comigo pelo meu e-mail: atilasiqueira1@yahoo.com.br.


Além disso, quero indicar um blog muito bom, que possui excelentes contos de terror, chamado Cova Abismal de Contos Sombrios".